quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bhagavad Gita, Aula 1 resumo - Pazpazes, Porto

Duração da aula 1h09m58m; cânticos iniciais.

Apresentação da Bhagavad Gītā e contextualização.

O conflito de Arjuna (arjanat iti arjunaḥ) aquele que tem as qualificações necessárias para obter alguma coisa: capacitado para aquela guerra com o conhecimentos de armas, estratégias, a defesa do Dharma, daquilo que é correto. Arjuna tinha um alinhamento: o que pensa, diz e faz ele estava também qualificado para o estudo; ele é o śiṣya o discípulo. Outra personagem é o guru Kṛṣṇa, raiz verbal "kṛṣ" - ākarṣati aquele que é a atração de todas as pessoas, porque, ele é ānanda svarūpa a própria natureza de plenitude e ele sabe então como sabe ele é Brahman, como um avatāra ele é Brahman e como mestre ele é aquele que conhece e ensina sobre essa natureza livre de limitação. A Gītā tem o estatuto de Upaniṣad, acontece no mesmo formato de pergunta e resposta. A Gītā começa no campo de batalha em Kurukṣetra (o local), e Dharma kṣetra, um lugar onde o dharma é protegido. Dharma vem da raiz dhṛ - sustentar. Dharma é o que sustenta, os valores básicos, universais e enquanto indivíduo o papel, no sentido de viśeṣa dharma, o papel que uma pessoa pode cumprir e que mais ninguém pode cumprir por ela: trabalho, capacidades específicas, etc; e o sāmānya dharma, o dharma geral que são os valores que mantêm uma harmonia na sociedade, o respeito, a não violência. Arjuna começa por querer fazer o seu papel, aquilo que é adequado, enquanto príncipe, irmão e nos outros papéis e também aquilo que sustenta de uma forma absoluta, a natureza de si mesmo livre de limitação, imortal e já puro.

No início Dhṛtarāstra faz uma pergunta sobre os dois lados inimigos: os filhos do seu irmão e os seus filhos. A Gītā por um outro lakṣana, um significado secundário, é também vista como uma batalha/conflito na mente de cada pessoa: as emoções que pulam na mente e a busca da paz, da satisfação e conforto. Existem dois problemas, um relativo e outro fundamental. A maturidade espiritual é a descobrir um problema que é o fundamental e focar nele ao invés dos relativos. Arjuna começa com várias questões sobre os problemas relativos, como, no seu caso, matar ou não os parentes que eram seus inimigos na batalha, que trazem tristeza, sofrimento e infelicidade. Com a ajuda de Kṛṣṇa percebe que os problemas relativos não têm solução, pois eliminando um deles outro surge. Torna-se necessário fazer uma gestão de problemas pois dentro deste mundo que é limitado e em constante mutação os problemas vão surgindo. Arjuna vai percebendo que não é através de alguma situação que no mundo relativo não existe ganho sem perdas. É necessário descobrir a mim mesmo como este ser livre de sofrimento e de limitação, descobrir uma plenitude em mim mesmo para lidar com o mundo. O problema é que eu sinto-me inadequado e se eu descobrir um conforto comigo mesmo, posso lidar com as situações com tolerância porque eu já estou confortável comigo mesmo e posso lidar melhor com as situações externas do mundo. Arjuna foca no problema fundamental e deixa o relativo para depois. Ele torna-se um mumukṣu - aquele que escolhe a libertação.

A professora Glória fala sobre os irmão de Arjuna, Yudhiṣṭhira, Bhīma, Nakula e Sahadeva e o final do Mahābhārata com a cena do cão e Yudhiṣṭhira às portas de svarga loka.

A professora fala também da antecipação de Arjuna perante Duryodhana com Kṛṣṇa. Arjuna escolhe ficar com Kṛṣṇa no seu exército mesmo quando este diz a Arjuna que não irá combater e que poderia escolher ao invés o seu exército. Arjuna ao escolher Kṛṣṇa mostra o interesse por um bem maior, pelo interesse coletivo, o seu apreço pelo Dharma.

A professora fala sobre o jogo de dados que leva os Pāṇḍavas para o exílio na floresta, de Duryodhana e seu exército.

É tocada a concha que anuncia o início da guerra e Arjuna, seguro de si mesmo, pede a Kṛṣṇa para colocar o carro no centro da batalha e observa os dois exércitos. Quando ele olha para as pessoas vêem à sua mente o seu passado com aquelas pessoas - a emoção vem à tona e começa o conflito com o intelecto. Nesse momento, a tremer, diz a Kṛṣṇa que não sabe o que fazer e que o melhor é não lutar.

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