quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bhagavad Gita, Aula 4 resumo - Vaidika, Maia

Duração da aula 1h09m16s; cânticos iniciais.

A confusão de Arjuna quanto a Dharma e Adharma e a sua vontade de largar todas as ações para se dedicar a descobrir o ser completo, a sua natureza.

Kṛṣṇa ensina-o que o problema básico é a ignorância da sua natureza fundamental que causa tumulto na mente e gera rāga/dveṣas.

Rāgas (gostos) e dveṣas (aversões) desenvolvem-se com o tempo e são sobre a nossa família, sociedade, época, a exposição religiosas, etc. Alguns são comuns a gerações, a uma nação. Quando as rāgas acontecem como eu quero eu fico feliz e quando são diferentes eu sofro.

Reagimos com irritação, raiva, quando uma situação não acontece como desejamos. Ou o contrário, com euforia. Não agimos com um estado consciente mas com um padrão que está dentro de nós. Na reação não ensine aprendizado, entendimento, apenas uma vivência. Esse acontecimento terá que se repetir para haver aprendizado. Em vários momentos, durante o aprendizado ou numa meditação, o conhecimento pode estar bem claro mas, durante a reação, os padrões velhos vêm ao de cima e isso é o problema.

Rāga e dveṣas roubam a minha paz. Ouve-se que é necessário eliminar rāgas e dveṣas ou eliminar os desejos, no entanto, é impossível acabar com os desejos. O poder de desejar é especial ao ser humano. Aniquilar o desejo é uma impossibilidade. Os gostos e aversões são aquilo que fazem o que uma pessoa é, a sua história, a sua peculiaridade.

Por isso, o que fazer quanto a rāgas e dveṣas? Neutralizar o efeito dos gostos e aversões, ao invés de os tentar eliminar.

Apesar deste ensinamento inicial de Kṛṣṇa, Arjuna insiste em renunciar às ações até ao capítulo XVIII (final do texto). A renúncia é ir além da ação. Para adquirir śreyas existem dois estilos de vida: somente o estudo (para os renunciantes) e Karma Yoga (para os yogis). Kṛṣṇa aconselha a Arjuna a vida do Karma Yoga, no entanto, Arjuna queria renunciar e abandonar a ação. No verso 5 do capítulo II, Kṛṣṇa diz a Arjuna que não é possível uma pessoa ficar, um segundo que seja, sem fazer a ação - pois essa é a sua natureza. Não fazer ações não é possível, a renúncia não é largar tudo.

A ação é melhor porque dá a oportunidade de se preparar a mente, e, a mente calma (que não reage) é o melhor que se pode querer - uma mente objetiva, que tem uma organização. Uma mente assim, que tem a capacidade de não reagir, adquire-se através de Karma Yoga. Karma Yoga tem dois momentos: o momento em que se faz a ação e o momento do recebimento dos frutos da ação (quando o resultado chega).

No momento do recebimento dos frutos deve existir prasāda buddhi - a atitude de prasāda. Prasāda é o conceito de que aquilo que ofereço num altar, num templo, etc, recebe-se de volta de forma abençoada. O resultado da ação não depende de mim, ele depende de várias leis que governam o universo. Quando vejo que ele não depende de mim, é um presente que vem para mim, de uma ordem maior - não de uma pessoa - vem de uma ordem cósmica, do próprio Absoluto. O que vem está de acordo com a minha ação e então eu recebo. A minha capacidade está apenas na ação. O resultado é adequado à ação; estar disposto a receber é prasāda buddhi. Seja minha rāga ou dveṣa, eu recebo pois vem de uma ordem maior, īśvara. Essa atitude protege da reação pois eu disponho-me a receber

Outra atitude é na ação: ao fazer a ação livre de desejo, tendo já realizado vários desejos ao longo da vida, eu desejo apenas uma mente calma, tranquila para que o conhecimento se instale. O desejo pelo autoconhecimento e pela liberação vai ganhando mais força. Kṛṣṇa diz: "o seu melhor amigo, ou o seu pior inimigo, é a sua mente". Quanto mais desejo antaḥ karaṇa śuddhi e o autoconhecimento mais os outros desejos enfraquecem, a não reação e uma mente objetiva tornam-se mais importantes.

A minha escolha é: rāga /dveṣas ou dharma?

A professora Glória conta a história dos diálogo entre Yudhiṣṭhira (Dharmaputra) e Bhīṣma, e, entre Dharmaputra e Droṇa. Depois conta a história do pai de Dhṛtarāṣtra.

Muitas vezes, ao longo da vida, esse conflito entre dharma e adharma surge. Karma Yoga na ação é īśvara arpaṇa buddhi, eu faço porque isso é a minha parte, contribuo com o meu papel deixando o adharma de lado e vou pelo dharma - quando a mente é governada por gostos e aversões eu escolho sempre de acordo com os meus padrões.

Com a mente tranquila eu vejo a reação a chegar mas eu escolha dharma - essa capacidade aquieta a minha mente. Ficar parado, num aśram, não se consegue isso, ver a bagagem de gostos e aversões e dominar a mente, ter tranquilidade frente às adversidades da vida. Em conclusão, faça a ação e não tenha apego à não-ação.

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