quarta-feira, 16 de março de 2011

Bhagavad Gita, Aula 15 resumo - Vaidika, Maia

Duração da aula 1h06m00s; cânticos iniciais.

No universo há diferentes corpos, e dentro do corpo há diferentes partes, cabeça, tronco, braços pernas, etc. Olhando, individualmente, todas as pessoas são diferentes; olhando para a base essencial que faz a pessoa a consciência é apenas uma única, isso é comum a todos. Advaita é a visão do Um, uma unidade, única: o meu corpo que vejo separado dos outros é feito dos mesmo cinco elementos básicos que constituem todo o universo. O mundo físico visível, conhecido ou não, é chamado de virat. Todas as mentes pertencem a uma mente cósmica, isso é chamado de hiraṇyagarbha. Fundamentalmente, não existem diferenças entre as pessoas.

No capítulo XIII, falamos sobre o campo e o conhecedor do campo, o universo e a consciência. Neste capítulo, Kṛṣṇa fala sobre o universo visto como uma árvore - esta imagem é usada nos Vedas. Uma árvore é um conjunto inteiro: raiz, tronco, galhos, flores e frutos. A árvore é comparada ao saṃsāra: a raiz do nascimento do indivíduo é devida à ignorância. Assim, a pessoa vai em busca de entender a verdade do mundo "quem sou eu?" e procura libertar-se da roda do saṃsāra, das adversidades e infelicidade encontrando a resposta para a pergunta anterior

A raiz da árvore é o eterno, invisível. Do tronco nascem galhos, folhas, flores e frutos. Nos galhos inferiores e superirores habitam animais, existem ninhos, etc. As nossas experiências na vida ou me levam para uma situação melhor ou pior, para "baixo" ou para "cima", e as nossas ações dão frutos, de sofrimento ou experiências agradáveis. Na upaniṣad diz "num tronco estão dois pássaros: um que se relaciona com tudo o que acontece, saltando de galho em galho, e, um outro que apenas fica parado e observa". Esses dois pássaros referem-se ao indivíduo (jīva) que interage e ao eterno (ātman) que é pleno, imóvel, satisfeito. O pássaro que salta de galho em galho tem que conhecer o pleno, o outro pássaro.

Nessa imagem, as raízes estão para cima, pois a raiz básica é o eterno, ātman, e, os galhos para baixo. As folhas são os Vedas - por onde a árvore respira. Para acabar com a árvore do saṃsāra é necessário descobrir a raiz - não adianta cortar os galhos. A ferramenta para cortar essa árvore é o machado do desapego (vairāgya), ver a realidade do saṃsāra, conhecer o Eu que é livre de nascimento e morte. Esse instrumento (a sādhana), consiste em ver a ilusão relativa à noção de eu e meu: não vendo a minha natureza eterna e essencial eu projeto neste corpo, mente, a minha noção de eu. Depois do apego à entidade, apego-me a objectos relacionados comigo. Livre dessa identificação, desse defeito que é o apego como conhecimento do Eu interno vejo-me livre de desejo pelos objectos como fonte de preenchimento para mim. Dessa maneira, a pessoa alcança o objeto último da vida.

O que é o eterno, Eu? Esse é a Luz, Consciência. O sol não consegue iluminar essa Luz que jamais se torna objeto, nem mesmo a lua, nem o fogo. Essa consciência tudo ilumina e manifesta-se na forma de todo o universo, assumindo formas diferentes - todo o universo nada mais é que a Consciência (īśvara), e, o indivíduo (jīva) nada mais é que uma fagulha dessa Consciência. A Consciência reflete-se nos cinco elementos e na mente que compõe a pessoa, ao longo do ciclo de nascimentos e torna-se necessário descobrir a natureza fundamental.

Aqui, Kṛṣṇa diz que aquilo que chamamos de matéria é, na realidade, Consciência manifesta como matéria.

Nos āśrams, geralmente, este capítulo é recitado antes das refeições e a professora Glória explica o porquê desse costume.

Neste capítulo, Kṛṣṇa diz "eu sou o universo inteiro, os objetos todos, e os sujeitos, os jīvas, o sujeito que come - que faz a ação - e aquilo que é comido - o alimento. (verso 14)." O ato de comer é um ritual sagrado, o sujeito e o objeto tornam-se um único, o mais subtil do que se come tornam-se os pensamentos. Eu sou o que come, o comedor, o sujeito consciente que se alimenta dos objetos e esses objetos externos, as experiências, fazem parte de mim, da pessoa que sou. Aquilo que é não-eu torna-se eu: dois que se tornam um. É īśvara que faz a transformação dos quatro tipos de comida: a bebida, a mastigada, a sugada, e a que se dissolve na boca (ex: mel).

Kṛṣṇa termina dizendo que existem dois puruṣas: o mutável (o universo manifesto) e o imanifesto (em potencial, o desejo, a ignorância) e, ao mesmo tempo, aquele que está alem desses dois, o que lhes confere vida. Assim, na realidade há apenas um verdadeiro puruṣa, a verdade do todo que sou eu.

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