sexta-feira, 25 de março de 2011

Bhagavad Gita, Aula 16 resumo - Vaidika, Maia

Duração da aula 1h01m57s; cânticos iniciais.

Este capítulo tem como nome "daiva asura sampad": a natureza divina e a natureza "demoníaca", num sentido de uma positiva e outra negativa; uma natureza que conduz à liberação, auto conhecimento, e outra que atrapalha o autoconhecimento.

No capítulo XIII foram falados vinte valores como ahiṃsā, kṣānti, ārjavam, e outros, que são valores universais, e, aqui eles repetem-se. Para ter esse conhecimento é necessário ter desejo por ele e discriminação. Kṛṣṇa ao falar dessas duas naturezas: a natureza daiva é a natureza daquela pessoa que assimilou esses valores e a natureza asura é a natureza daquela que não assimilou esses valores. Em criança, não temos um valor pelos valores. A pai e o mãe dizem para agir de determinada forma e é assim que a criança age, pois, se agir em contrario será repreendida. Mais tarde, a pessoa seguirá esses valores se tiver apreendido o valor dos valores, senão irá deixa-los para trás. Por exemplo, por vezes, é mais fácil ou conveniente mentir em determinadas situações da vida. A assimilação desses valores é o entendimento do que faz mais sentido para mim, do que é mais importante. A pessoa que pensa, fala e age deve estar em harmonia, deve ser coerente; nesse sentido, o que eu espero dos outros eu faço, pois esse é o valor que tenho. A pessoa que assimilou os valores é chamada de daivi, e, a pessoa que faz apenas o lhe é conveniente é chamada de asura.

Nos purāṇas existem rākṣasa e asuras. O rākṣasa é aquele que faz atos destrutivos para a humanidade como Rāvaṇa, que é movido pelos desejos do seu ego. Nos purāṇas os asuras são confusos, as suas ações acontecem sob a ilusão, erro. Na Gītā, asura refere-se a uma pessoa que não assimilou os valores. A professora Glória conta a história de Rāvaṇa no Ramayana.

O que faz o daiva é a discriminação, a capacidade de análise e entendimento - sattva. Rajas é o impulso para o desejo e tamas é a confusão - o que faz de alguém asura. Kṛṣṇa falará mais sobre guṇas no capítulo seguinte.

Kṛṣṇa fala sobre as características dos daivas, a sua riqueza:
- jñāna: uma mente com a capacidade de pensar, entender, questionar;
- dānam: a capacidade de dar, uma natureza generosa;
- damaḥ: valor pela disciplina, autocontrole;
- svādhyāyaḥ: valor pelo estudo e meditação diária;
- abhaya: ausência de medo devido à apreciação de īśvara;
- ārjavam: valor pelo alinhamento (o que penso, falo e faço são coerentes);
- ahiṃsā: valor pela não-violência, mesmo no discurso (vāk tapas);
- satyam: compromisso com a verdade, honestidade (para comigo e para com os outros);
- akrodhaḥ: resolver a raiva;
- tyāgaḥ: capacidade de renunciar, abrir mão de um resultado;
- śāntiḥ: valor por estar quieto, ter momentos de reflexão sobre valores, prioridades, si-mesmo;
- apaiśunam: valor por não falar mal sobre as outras pessoas;
- dayā: desenvolver compaixão, empatia (com os outros seres vivos);
- acāpalam - atenção a pequenos movimentos corporais;
- hrīḥ: modéstia, perceber que qualquer qualidade que se tenha não depende exclusivamente de si, é como um presente que se recebe;
- kṣamaḥ: acomodar as pessoas e situações adversas;
- adrohaḥ: ausência do desejo de ferir outras pessoas;
- dhṛtiḥ: enfrentar uma situação com determinação;

Kṛṣṇa fala depois das características dos asuras:
- dambhaḥ: valor por fingir que tem tantas coisas, preocupação em impressionar;
- darpaḥ: arrogância, colocar-se em superioridade;
- abhimānaḥ: opinião de si-mesmo superior;
- krodhaḥ: ser temperamental, brigar;
- pāruṣyam: ironia, desconsideração;
- ajñānam: conhecimento inadequado.

Kṛṣṇa volta a dizer a Arjuna "mā śucaḥ" - não fique triste - pois ele é uma pessoa daiva. Aqueles que continuam aprisionados, os asuras, não têm discriminação e entram nos três grandes portões: kāmaḥ (desejo), krodhaḥ (o valor pela raiva, irritação, agressão) e lobhaḥ (cobiça). Esses três trazem o declínio, a cegueira, à pessoa. São os portões para a ilusão, a autodestruição. Para ser livre desses portões da escuridão e do sofrimento é necessário entender o limite dos objetos, descobrir a paz inerente ao ser, entender o ser fundamental. Vicāra, questionamento/entendimento, é a porta que vai além do portão da escuridão e sofrimento. O conhecimento do dharma é o meio de conhecimento para a discriminação e a ação.

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