segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Resumo Aula 8 Upadesha Saram - Pazpazes, Porto

Duração da aula 1h05m5s: cânticos iniciais e leitura até ao verso 18.

A respiração que é uma ação e a mente (a atividade mental), estão ligadas num único tronco que é māyā śakti. Rodha sādhana é um tipo de prática para comandar a mente. As duas dissoluções tem nomes diferentes: laya (absorção momentânea) através de prānāyāmās e prāṇa vīkṣaṇa. Mas, desta forma, a mente problemática não desaparece definitivamente. Só vai embora quando se conhece a base da mente, a consciência, sākṣi, absoluta, constante. Nessa altura, percebe-se a natureza da mente: uma sequência de pensamentos, mutável. O objetivo é ter uma mente clara, transparente, livre de problemas, que permita lidar com o mundo. Tudo o que se dissolve (momentaneamente) volta depois. Quando se sabe que a mente é mutável através do conhecimento da sua base, ela perde realidade. A consciência é real, constante, e a mente mutável.

Esta mente problemática sendo eliminada é atingida por um yogi muito especial, o mais exaltado, pois detém ātmajñānam - o conhecimento de si-mesmo. Essa pessoa não tem mais obrigação nenhuma, pois, já alcançou o bem maior, o sentido da vida - o estar bem e feliz. Faz a ação para ser um exemplo, para manter a harmonia na criação. A professora Glória dá o exemplo do pote mergulhado em água - aquele que está completo, totalmente preenchido, por dentro e fora - para comparar com o coração do sábio.

É falada a conexão, a lógica ou continuidade, que existe nessa mālā de versos.

Livre dos objetos a mente está consigo mesmo, está independente dos objetos. Se não há dependência ou vínculo com o objeto ele não é uma ameaça, a mente está livre do objeto. Assim, descobre-se uma paz em si-mesmo que é independente dos objetos e esse é o conhecimento, darśanam, uma visão. A professora Glória dá uma explicação sobre darśanam nos templos Hindus. Tattvadarśanam é o conhecimento sobre a verdade - a capacidade de descobrir a verdade acerca do Eu e do Universo, onde a dualidade dissolve-se e a capacidade de permanecer consigo mesmo acontece. O pensamento livre de separação objeto/sujeito (Akhaṇḍa ākāra vṛtti) e um pensamento na forma de um objeto (khaṇḍa ākāra vṛtti). O pensamento que elimina dualidades é akhaṇḍa ākāra vṛtti ou tattvadarśanam.

No verso 17, Ramana explica melhor sobre a mente: "manasa tutkim ... naiva marga arjavat". Dentro da tradição dos Vedas ele foca o questionamento "quem sou eu?". Invés de se preocupar com alcançar a libertação, o questionamento perfeito para entender os Vedas, que normalmente é procurado, ele foca em entender a base da sua mente. Normalmente, em Yoga fala-se em eliminar a mente ou pensamentos. Para Ramana, o foco está na base na mente e descobrir ātman/brahman. "Quem pergunta?", "Quem é o sujeito?", "De onde brotam as perguntas?". "Esse é livre de forma, a consciência, que as upaniṣads chamam de brahman" - manasam tu kim svarupam - qual a natureza da mente?

Margane krte - dessa maneira devemos questionar. Foque qual a natureza da mente, de que você se quer ver livre? À medida que é feito o questionamento, com sinceridade, a mente vai desaparecer. A mente é, apenas, a forma que essa consciência parece assumir. A mente é uma sequência de pensamentos. Idam vṛtti(o pensamento "isto") quando se pensa sobre objetos, casa, isso, aquilo; existe outro tipo de pensamento, "eu sou bonito", "eu sou triste"... "eu sou..." aham vṛtti. Os pensamentos objetos estão estabelecidos no pensamento "eu". O pensamento "eu" é a base. A relação com o objeto percebido parte do pensamento "eu" - ego, a pessoa, ahaṅkāra.

O maior pensamento é o pensamento "eu", pois todos os outros estão vinculados a ele, como por exemplo, "esta é uma flor que eu gosto", "isto é um livro interessante", e assim por diante.

Verso 19: todos os pensamento estão centrados no eu, e o conceito/pensamento eu de onde vem? qual o origem do pensamento? a origem está no próprio eu. A base está na consciência, que é o próprio eu (patati aham). Ao pensar "onde vem o eu?", a noção do eu, ahaṅkāra, cai fora, e fica apenas a consciência. Assim se chega na consciência, o eu que sou e me identifico, sem forma, apenas consciência permanece. A professora Glória explica o conceito de zen, vazio e koan do budismo que produz uma ausência de forma e produz o choque para abstrair e chegar além da forma. A ideia é chegar no ser, na consciência apesar de usar o termo vazio. De certa maneira, o objetivo é chegar na mesma coisa, a forma do mundo todo desaparece e chega-se na base, na consciência. Sem um conhecimento vai ser apenas um momento.

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