sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Resumo Aula 9 Upadesha Saram - Pazpazes, Porto

Duração da aula 1h08m08s: cânticos iniciais e leitura até ao verso 26.

O que é exatamente a mente, para que se possa ter um comando sobre ela? Quais os seus desejos, o que é importante para ela, qual é o conteúdo da mente (antaḥ karaṇa)?

No verso 18, Ramana fala que a mente é nada mais do que uma sequência de pensamentos. Alguns são de oscilação - mente, outros de decisão - intelecto. Pensamento é consciência que assume uma forma. A base da pessoa é a capacidade de conhecer, de "iluminar" objetos. Os olhos "iluminam" formas e cores; o ouvido "ilumina" sons; o nariz "ilumina" cheiros diferentes - ilumina no sentido que torna conhecido, revela. Livre do objeto, você é consciência. A mente está por detrás dos órgãos de percepção e dos pensamentos. A mente assume a forma do objeto mesmo quando o objeto não está ali, por exemplo quando assume emoções (raiva, satisfação, etc...). Vṛtti vyāpti e phala vyāpti: vṛtti vyāpti é um pensamento que assume uma forma e quando isso é reconhecido (a presença do pensamento) chama-se phala vyāpti. No reconhecimento da verdadeira natureza do "eu" o pensamento é "a consciência que sou" mas não há uma separação do sujeito consigo mesmo, por isso, é dito que é uma "iluminação": um pensamento que acontece que ilumina tudo; fica muito evidente que existe uma consciência sem separação sujeito/objeto e isso é percebido com muita clareza. A mente também tem pensamentos de identificação do sujeito: aham vṛtti (o outro tipo de pensamentos é idam vṛtti - isto é flor, aquilo é...). Quando há um pensamento em forma de raiva ninguém diz "existe um pensamento com forma de raiva na mente" mas "eu sinto raiva". Este tipo de pensamento "eu sou" é chamado aham vṛtti.

Ramana foca sempre o sujeito, pergunta de onde vem este "eu". Quando há esse questionamento os outros tipos de pensamento sobre o eu caem: eu sou inteligente [em relação à mente], eu sou gordo [em relação ao corpo]... Dessa maneira promove-se um questionamento sobre "quem sou eu?". Através desse processo percebe-se que existe algo maior, para além do corpo e da mente. Usa-se a meditação para questionar o próprio conceito de "eu", que só tem sentido quando se opõe a alguma coisa "isto sou eu, aquilo não sou eu". Quando se compreende que a consciência que eu sou há em todo o lugar, que só há uma única consciência que é a base que sustenta todos os objetos e o universo. Se "eu" está em todo o lugar onde está "não eu"? Não existe "não eu", tudo o que existe é "eu"! Com esse entendimento, a noção de "eu separado" desaparece, a noção de separação desaparece. Consegue-se perceber que "eu" é livre de separação e essa consciência brilha como completo, livre de limitação.

Verso 20: o conceito "eu" só se estabelece na medida que se relaciona com "não-eu". Depois da perceção que tudo existe o que eu sou é a consciência, livre de separação. Mesmo que exista a sensação de separação sei que é em relação ao corpo e à mente, mas com esse momento eu vejo que eu sou livre de limitação, a consciência que existe sempre no sonho, acordado, sono. Depois disso, a experiência de uma personalidade não afeta o que eu sou, porque sabe que é muito mais que essa forma limitada. Anteriormente, vivia-se a dualidade e tomava-se o relativo pelo absoluto. Viver com sabedoria no mundo e não fugir - esse é o objetivo.

Verso 22: explicação da palavra vigraha - assembleia - e a identificação equivocada com o "não eu", inclusive com a ignorância. Eu sou conhecimento que aponta ignorância, eu sou consciência que ilumina. Eka Sat - existe um eu que é sempre presente e tudo o mais que é inerte, que não tem luz própria, que é asat - não é real, muda, deixa de ser, desaparece.

Existe uma consciência, chamada cit, por detrás da mente. A natureza da luz é brilhar, a mente muitas vezes dorme, como no sono profundo. A mente desaparece, não há pensamentos. A consciência da mente não pertence à mente, é "emprestada" da Pura Consciência que sou Eu - essa nunca "apaga", nem quando a mente dorme, pois a sua natureza é de Luz constante. Aquilo que é cit é sat.

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