segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Bhagavad Gita, Aula 11 resumo - Vaidika, Maia

Duração da aula 1h01m59s; cânticos iniciais.

Análise dos capítulos X e XI.

Apesar da experiência do sujeito ser de limitação, por vezes, o indivíduo tem a experiência da plenitude, totalidade. O sujeito identifica-se como mortal, perecível, mas, em vários momentos, vê-se como completo. Em Vedānta, fala-se sobre esse conhecimento, sobre a totalidade. Arjuna reclama que esse conhecimento não está claro para ele. Kṛṣṇa fala-lhe sobre karma yoga, um estilo de vida específico, que consiste em não mudar a ação mas a atitude - passar a ter prasāda buddhi, receber o que chega como uma benção e saber que o que chega é exatamente o que devo receber. Essa atitude traz tranquilidade e é fundamental para que eu possa descobrir que "eu sou a paz, a fonte de qualquer felicidade experenciada, o silêncio, ātman, a verdade de tudo o que existe". Tenho de ter a capacidade de aceitar, acomodar as pessoas como elas são, sem reação. E, ao mesmo tempo, entender, apreciar īśvara - a causa material e inteligente do universo. Kṛṣṇa procura fazer Arjuna entender isso, neste momento.

Com esta visão pergunta-se agora "o que é meu?"

O "meu" é um conceito na mente, não tem realidade nenhuma, não tem conteúdo pois a pessoa apodera-se de um objeto durante um período de tempo e passa a chama-lo de "meu". Até mesmo o corpo veio dos cinco elementos e a eles retorna. O corpo pertence à terra, água, fogo, e outros elementos, e, eu não sou autor nem dono dele, pois eu não tenho poderio sobre ele. Os pais também se consideram donos dos filhos - "meu" filho; e por conseguinte, os filhos acham-se donos dos pais - o "meu" pai, a "minha" mãe. No próprio corpo, existem outros seres, bactérias que habitam à várias gerações este lugar.

Então, a quem pertence o corpo? Ao Criador, aos cinco elementos.

Nem mesmo a emoção é minha, pertence à ordem psicológica que é īśvara. Tudo o que é conhecido e desconhecido é īśvara e pertence a īśvara. Tenho de ver esse universo como a Sua expressão. Arjuna quer ver o Todo e pergunta como o pode ver. Kṛṣṇa diz-lhe que a própria inteligência é Ele, qualquer capacidade, dom, e mesmo o medo e a ilusão. Daí que, tradicionalmente as músicas são dedicadas a īśvara e a Dança ocorre frente a um altar, pois a capacidade de dançar pertence a īśvara. Diz também que em alguns lugares, objetos ou coisas Ele poderá ser visto com mais facilidade pois está mais evidente, como um legume maior que o normal (que geralmente é ofertado no templo), a cor do oceano - nessa visão o indivíduo perde a noção dos problemas e vê a grandeza de uma beleza incrível. Por alguns segundos, essa coisa proporciona um samādhi, perde-se a noção de estar separado, eu e o mundo, a dualidade. Por esse motivo, todas as tradições têm peregrinações a lugares especiais, simbólicos que engrandecem e que proporcionam esses momentos de saída da sensação de limitação. Kṛṣṇa enumera, de seguida, lugares especiais, na Índia, que proporcionam esse efeito - a essência desse ensinamento diz que em qualquer lugar do mundo onde a beleza, a grandeza, seja maravilhosa leva a um encantamento e a uma experiência de algo a mais. Kṛṣṇa diz que, entre os seres celestes, é a Lua, o Sama Veda, canto védico, Rāma, o elefante, o rei (que protege o Dharma e governa com justiça), o vento entre os purificadores, e qualquer lugar onde se veja vibhūti, poder, ou riqueza maior.

No início do capitulo XI, Arjuna pede a Kṛṣṇa para ver a sua forma cósmica, se for merecedor.

Kṛṣṇa quer que Arjuna veja a sua forma em tudo, e perceber a presença do Todo como uma única coisa, uma única realidade. No entanto, Arjuna quer ter esse experiência e Kṛṣṇa mostra-lhe essa forma cósmica. Nesse corpo aparece todo o universo. Quando Arjuna vê todo o universo fica nervoso, pois vê o universo todo ao mesmo tempo, Bhīṣma, Duryodhana e ele mesmo na batalha, a matar, o bonito e o feio, o encantador e o apavorante. Assustado, Arjuna pede a Kṛṣṇa o favor de voltar à forma normal. Kṛṣṇa volta à forma formal e refere que os sábios podem adquirir essa visão cósmica apreciando que só existe Um, só existe īśvara e nada separado do Todo.

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