quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bhagavad Gita, Aula 7 resumo - Vaidika, Maia

Duração da aula 1h06m59s; cânticos iniciais.

Análise do capítulo VI. A Gītā divide-se em três partes, três conjuntos de seis capítulos. O primeiro conjunto debruça-se sobre jīva (o indivíduo) que se vê limitado e tem que descobrir a sua verdadeira natureza que é livre da ação, akarta. O primeiro conjunto analisa ainda o yoga e o meio sobre como preparar a mente dessa pessoa.

A causa do sofrimento é a ignorância da sua verdadeira natureza que leva a pessoa a identificar-se com aquilo que não é - essa é a ilusão. Ao longo do tempo torna-se um hábito olhar para mim mesmo como limitado, infeliz. Torna-se uma tendência através da repetição, uma vāsanā.

É dito também que uma mente contemplativa é necessária para uma vida de renúncia.

Agora, Kṛṣṇa fala sobre meditação: renunciar não é uma ação, um ato nem físico nem mental, e uma maturidade um estado de estar livre. A meditação ou contemplação é o mesmo, não é uma coisa que se faça. Sentado, posso fazer prāṇāyāma, prāṇa vīkṣaṇa, japa, etc mas não necessariamente estou a meditar/contemplar, porque contemplar é uma capacidade de perceber, ver, a minha natureza fundamental independentemente de qualquer pensamento.

Kṛṣṇa quer dizer que o foco não é renunciar nem meditar, mas adquirir meios para estes possam acontecer naturalmente. Da mesma maneira que amar tem de ser espontâneo e não forçado, meditar ou renunciar deve surgir sem esforço, a partir do conhecimento. Uma vida de Karma Yoga vai-nos levar a uma mente contemplativa, tanto no momento da ação como na hora de receber os frutos (sem reação).

O capítulo VI fala sobre meditação/contemplação para se entender o significado da expressão "tat tvam asi" (jñāna niṣṭhā) e tornar o que foi escutado como conhecimento - diferente de uma mera experiência. Torna-se necessário entender a veracidade das palavras "Sat", "Eu" e "Pūrṇam" como não apenas a experiência de uma felicidade ou de um evento efémero, mas, para eliminar o que está a atrapalhar o conhecimento claro, como dúvidas, enganos ou falta de clareza.

Arjuna não queria ser um Karma Yogi mas renunciante pois parece ser algo melhor, e, ele também o desejava. Kṛṣṇa diz que renunciante é aquele que faz o que deve ser feito livre do resultado da ação - um renunciante tem que ser um karma yogi e um karma yogi tem que ser um renunciante, já que, um renunciante não é aquele que abandona tudo. O renunciante tem que ter uma mente similar ao de um yogi - uma mente com equilíbrio, preparo, firmeza e sem reação (śama e dama).

Aquele que conquistou Yoga consegue renunciar a qualquer coisa que acontece na sua mente - sarva saṅkalpa sannyāsī. Para isso, é necessário perder o hábito de olhar para si mesmo para baixo "eu não sou capaz, eu não consigo, eu sou infeliz" e levantar a visão de si mesmo, caso contrário a mente é o inimigo. A mente que está conquistada é a mente amiga.

A professora Glória conta a história da pessoa pobre que, subitamente, fica rica e ilustra como ela lida com uma situação inesperada utilizando os velhos hábitos, os padrões, que vêm à tona no momento. A meditação tem por finalidade criar um momento em que eu possa ver com clareza a plenitude que já é a minha natureza, a paz que eu sou, para que na hora em que preciso de lidar com as situações, internamente, eu possa entender a reação e trazer à mente a visão de mim mesmo como pleno. O maior momento de meditação é quando as situações ocorrem e a reação, na mente, contrária ao conhecimento, surge. Daí que, é em Karma Yoga, no meio das ações, que eu posso lidar com isso.

Arjuna aceita isto, mas diz a Kṛṣṇa que a mente dele é obstinada, poderosa, mais difícil de controlar que o vento. Porém, Kṛṣṇa concordando que a mente possa ser assim, tanto a de Arjuna como a dele mesmo, argumenta que com paciência, carinho, atenção, abhyāsa e vairāgya torna-se possível controlá-la.

Antes do final do capítulo, Arjuna pergunta o que acontece se morrer antes de conquistar o conhecimento. Kṛṣṇa diz-lhe que a próxima vida será uma continuidade desta, por isso, não precisa de se preocupar e pode continuar a vida de Yoga - seja um yogi, com uma mente discriminativa, contemplativa e a vitória será sua.

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