sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Bhagavad Gita, Aula 12 resumo - Vaidika, Maia

Duração da aula 57m45s; cânticos iniciais.

Do capítulo I ao capítulo VI o tema fulcral é o indivíduo, karma yoga, renúncia e meditação; estes seis capítulos falam sobre īśvara, a causa da criação, o todo, a sua forma (não específica) mas como todo o universo, a sua natureza e como o posso compreender; ou seja falamos de jīva e īśvara.

Jīva é um ser na natureza, īśvara é a inteligência por detrás da criação, do corpo, a ordem do universo, a causa material e inteligente.

A Gītā mostra que sempre nos parecem diferentes, na verdade, não são diferentes, apesar da experiência de dualidade que toda a gente sente. Essa afirmação da não-diferença entre indivíduo e criador é como que uma ousadia - só existe um ser! Para explicar essa ousadia temos este conhecimento. Como no sonho em que temos a experiência de dualidade entre os vários personagens e ao acordar, sabendo que os personagens da sonho era eu, vê-se a dualidade como apenas uma única realidade, neste caso, criada pela mente. Eu não posso dizer isso enquanto estou a sonhar, já que, vivo a dualidade mas, ao despertar, eu posso dizer que aquilo era falso, aparente - os pensamentos sou eu.

Em relação ao universo, os Vedas dizem a mesma coisa. Por isso, são chamados de sábios os que conhecem esta verdade. O universo não é não-existente, é aparente, parece real. Acordar para uma outra realidade é a proposta de Vedānta - o indivíduo e o Todo são idênticos, fundamentalmente. Da mesma maneira que uma onda, que se vê isolada, com nascimento manifestação e morte se vê diferente do oceano, que é o Todo. Se essa onda pudesse perceber, descobriria "eu sou água, portanto, sou não diferente de todo o oceano, somos um único, eu existo no oceano, não sou separada; a verdade essencial é a mesma, não diferente". Ou seja, o conhecimento é "Eu sou eterno, sat, cit, que existe sempre, eu sou imortal assim como esse Todo; só existe o Todo, não existe indivíduo. O Todo abarca todos nós."

Com esta visão, eu cumpro o meu papel neste esquema de coisas, pois, sei que é o que deve ser feito por mim. O que me impede de agir assim é o ego - a sensação de uma realidade independente, diferente, separado do Todo, como alguém que tem o poder de determinar, totalmente, a sua própria vida.

Neste capítulo, apelidado de devoção, Kṛṣṇa não quer falar sobre a necessidade de desenvolver devoção, mas, fala da devoção como uma consequência. Nos momentos de sensação de não-separação obtemos essa clareza e essa apreciação. Nenhum ato é devoção, devoção é o entendimento, e o ato devocional é uma expressão do entendimento. No reconhecimento da real identidade do indivíduo a mente dissolve-se no Todo.

Chama-se de karma yoga quando cada um contribui fazendo o que é necessário ser feito. Ao não contribuir com o meu dever acontece aquilo que a professora contou anteriormente numa história acerca do copo com leite pedido a cada aldeão e em que todos contribuíram com água pensando que o seu pouco de água seria diluído no leite que os restantes iriam contribuir. Acontece que todos pensaram o mesmo e apenas água foi recolhida, quando o que era necessário era leite.

Quando aprecio o Todo torno-me um devoto, livre de raiva e reação, tenho a capacidade natural de aceitar e apreciar o universo todo como ele é, porque, consigo perceber uma ordem nele. Nesta līlā, neste jogo/teatro, cada indivíduo tem o seu papel. Se eu vejo o universo como uma peça, eu posso apreciar tudo isso pela grandeza do espectáculo que é. Cada um assume vários papéis e age de determinada maneira consoante as situações. Como, por exemplo, a pessoa que é cidadão de um país, chefe de uma equipa, pai de família, vizinho, etc. Cada situação exige um papel específico da mesma pessoa sem que ela os confunda. Não posso dizer que esses papéis não sou eu, porque eles estão "pendurados" em mim, mas tenho de saber que fundamentalmente sou livre dos papéis, e não sou esses papeis. Eu estou livre dos papéis mas, ao mesmo tempo, eu dou vida aos papéis. A pessoa fundamental é ātman que é livre. Eu descubro o Todo e a atitude que nasce é a devoção, a apreciação. A devoção é aquilo que este capítulo aborda.

Entre as pessoas que fazem a ação e os que se dedicam ao conhecimento Kṛṣṇa diz: "aqueles que conduzem a sua mente em Mim, sempre ativos meditam, e ao mesmo tempo têm uma apreciação por Mim são consideradas como mahayogi". Considerando que Arjuna pergunta se a renúncia ou karma yoga é melhor Kṛṣṇa responde dizendo que karma yoga é melhor, pois, se Arjuna tivesse o conhecimento não questionaria, pois a renuncia não precisa ser feita com o retiro para um lugar isolado e sem ações. Como meditar no Absoluto é difícil, caso não haja um preparo da mente, é necessário karma yoga para se manter livre de reações e apegos para entender melhor esse conhecimento.

No verso 25 do capítulo IX, Kṛṣṇa diz: "qualquer coisa que Me ofereças, uma folha, flor, fruto, seja o que for, com devoção (amor) - com a apreciação da não diferença com o Todo - nem que seja mentalmente, Eu recebo". Este é considerado o ato de ofertar.

A professora Glória fala de karuna, compaixão, empatia no sentido de acolher o outro que surge quando Eu vejo o Todo e acolho o universo com compreensão pela pessoa, observando o dharma, defendendo o que é correto e fazendo o que for possível para ajudar.

Como karma yogi faço a ação e recebo o fruto - devoção é karma yoga.

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